Versão três volumes se comporta como o irmão hatch: mescla acertos, como interior amplo e dirigibilidade agradável, com erros, como poucos equipamentos e construção simplória
DINÂMICO O comportamento da suspensão, que havia agradado no hatch, voltou a merecer elogios no sedã. O conjunto tem configuração mais que conhecida, com sistemas Mc Pherson na frente e de eixo de torção atrás. O “x” da questão está no acerto desenvolvido pela Toyota, que consegue conciliar conforto e equilíbrio com competência. O Etios a sobre ondulações, buracos e lombadas em silêncio e sem transmitir impactos aos ocupantes. Ao mesmo tempo, mostra-se seguro e até divertido na hora de fazer curvas, sem inclinar-se demais ou apresentar tendência exagerada ao subesterço. A direção se destaca pela assistência elétrica, outro item raro entre os modelos de entrada. Nas manobras, o sistema é extremamente macio e agrada em cheio, mas apresentou pouca progressividade: poderia ser mais firme em alta velocidade.
Se, por um lado, o Etios agrada quando o assunto é direção, deixa a desejar na mesma proporção em outros aspectos. Mais uma vez, fazemos críticas ao acabamento, que traz alguns elementos de melhor aparência na versão XLS, como aros cromados em volta dos difusores de ar, faixas de tecido nos painéis das portas e apliques prateados na alavanca de marchas, nas maçanetas internas e nos botões do ar-condicionado. Porém, a cabine continua apresentando parafusos sem revestimento e falhas nos arremates. Plástico rígido em excesso, embora com diferentes texturas, e tecido um tanto áspero nos bancos também deixam a desejar, embora tais características sejam comuns também na concorrência. O polêmico quadro de instrumentos centralizado não nos causou dificuldades para ler o velocímetro e o conta-giros, mas o marcador de combustível tem visualização ruim, devido ao seu tamanho minúsculo. Também merece ressalva a ausência do termômetro do fluido de arrefecimento do motor.
AMPLO POR DENTRO O Etios hatch já é espaçoso, mas o sedã oferece acomodações ainda mais amplas para os ageiros, graças à distância entre-eixos maior, que totaliza 2,55 metros. Os vãos para as penas chegam a surpreender, considerando que o comprimento total do modelo é de contidos 4,265 metros, o que evidencia bom aproveitamento do habitáculo. Os mais altos sentirão falta de mais altura para a cabeça no banco de trás, mas quem tem até 1,80 metro não terá problemas. A largura do banco traseiro também não é lá muito generosa, mas o quinto ocupante desfrutará de um assoalho traseiro quase plano, que constitui uma boa solução adotada pela Toyota. O porta-malas, que comporta 562 litros, é enorme e empata tecnicamente com o do Cobalt, cujo bagageiro é o maior da categoria com 563 litros. O vão de entrada é amplo e o volume pode ser aumentado rebatendo-se o encosto do banco. O compartimento é todo forrado em carpete, com exceção da tampa, mas ao menos o batente traz proteção plástica, ficando a salvo de danos causados pela movimentação de malas.
A versão XLS, apesar de ser top de linha, tem lista de equipamentos limitada. Há ar condicionado, vidros elétricos em todas as janelas, porém sem sistema um-toque ou teclas iluminadas, travas elétricas com comando à distância e alarme antifurto. O modelo conta ainda com rodas de liga leve aro 15” e aparelho de rádio/cd player dotado de entrada USB e leitor MP3, mas tem apenas dois alto-falantes na cabine, além deabertura interna do tanque e do porta-malas, No atual contexto do mercado brasileiro, parece ser inissível que a configuração top de linha não disponibilize itens como computador de bordo, retrovisores elétricos e viva-voz por Bluetooth, sem falar nos já citados sensores de estacionamento.
POUCO RECHEIO O pacote de segurança traz o básico. Há airbags frontais e freios ABS com EBD, que se mostraram bastante eficientes e imobilizaram o carro com bastante segurança, mas é só. O quinto ocupante não desfruta de encosto de cabeça e cinto de três pontos e crianças em cadeirinhas não contam com a proteção do sistema Isofix. Tampouco há opção de pagar à parte por mais airbags ou sistemas eletrônicos de tração e estabilidade. Contudo, seria injusto não lembrar que, até o momento, o Etios foi o automóvel de entrada que obteve melhor resultado no teste de impacto realizado pelo Latin NCAP, alcançando quatro estrelas na proteção de adultos.
Quando avaliamos o Etios hatch 1.3, elogiamos o baixo consumo de combustível. Pois o sedã também foi econômico, embora tenha obtido números um pouco mais baixos que o irmão menor, o que é natural tendo em vista o peso mais elevado e o motor de maior cilindrada. Na cidade, os dois modelos cravaram marcas muitíssimo parecidas e registraram a mesma média geral de 11 km/l. Na estrada, o três volumes bebeu mais e ficou na casa dos 13 km/l, resultado que ainda assim pode ser considerado satisfatório. As aferições foram realizadas com gasolina no tanque e ar-condicionado ligado durante a maior parte do tempo. Como sempre, destacamos que inúmeros fatores podem influir no consumo de um veículo, como o relevo, o estilo de condução do motorista e as condições das vias, entre outros.
MESMO PADRÃO DO HATCH Nos últimos tempos, os segmentos de entrada do mercado nacional, quem diria, se sofisticaram. O Etios, por outro lado, é a síntese da simplicidade, apesar de ter chegado há pouco tempo no Brasil. O três volumes tem qualidades importantes: é bom de dirigir, graças à plataforma e à mecânica atuais, além de ter se mostrado econômico e bem aproveitado internamente. Porém, falhas que saltam aos olhos, como o pacote limitado de itens de série, o acabamento simplório e o padrão de construção pouco caprichado, formam um contraste abissal com os pontos positivos. É justamente onde os concorrentes mais têm evoluído que ele deixa a desejar. O preço da versão avaliada, tabelado em R$ 45.590, está na média do segmento, mas os itens de série um tanto estão abaixo dela.
FICHA TÉCNICA
MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, gasolina/etanol, 1.496 cm³ de cilindrada, 92 cv (g)/96,5 cv (e) de potência máxima a 5.600 rpm, 13,9 kgfm (com ambos os combustíveis) de torque máximo a 3.100 rpm
TRANSMISSÃO
Tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas
ACELERAÇÃO ATÉ 100 km/h
11s3 (dado de fábrica)
VELOCIDADE MÁXIMA
Não informada pelo fabricante
DIREÇÃO
Pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
FREIOS
Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira, com ABS e EBD
SUSPENSÃO
Dianteira, independente, Mherson, com barra estabilizadora; traseira, semi-independente, eixo de torção, com barra estabilizadora
RODAS E PNEUS
Rodas em aço estampado 15×5,5, pneus 185/60 R15
DIMENSÕES (metros)
Comprimento, 4,265; largura, 1,695; altura, 1,510; distância entre-eixos, 2,550
CAPACIDADES
Tanque de combustível: 45 litros; porta malas: 562 litros; carga útil (ageiros e bagagem): 422 quilos; peso: 980 quilos
AVALIAÇÃO | Alexandre | Marlos |
Desempenho(acelerações e retomadas) | 7 | 8 |
Consumo(cidade e estrada) | 8 | 8 |
Estabilidade | 8 | 8 |
Freios | 8 | 7 |
Posição de dirigir/ergonomia | 7 | 9 |
Espaço interno | 9 | 10 |
Porta-malas(espaço, ibilidade e versatilidade) | 10 | 10 |
Acabamento | 5 | 5 |
Itens de segurança(de série e opcionais) | 6 | 5 |
Itens de conveniência(de série e opcionais) | 6 | 5 |
Conjunto mecânico (acerto de motor, câmbio, suspensão e direção) | 9 | 8 |
Relação custo/benefício | 6 | 5 |
Fotos | Marlos Ney Vidal/Autos Segredos (Tratamento João Kleber Amaral nas fotos de movimento)